![2-O capital [Livro III] Crítica da economia política. O processo global da produção capital](https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/loja2/a5f52b43041373c5a8f95ef85ac6d815.gif)
Embora possa ser considerado em muitos sentidos o ápice da obra de Marx – é nele que está contida, por exemplo, a famosa apresentação do problema da queda tendencial da taxa de lucro, bem como toda a discussão sobre capital de comércio financeiro –, o Livro III de O capital é também um texto muito delicado, porque não chegou a ser finalizado em vida pelo autor, sendo editado posteriormente por Friedrich Engels. Por isso é tão importante o fato de a edição da Boitempo ser a primeira realizada a partir dos documentos da MEGA-2 (Marx-Engels-Gesamtausgabe), que traz a mais completa e minuciosa apuração dos manuscritos, notas e apontamentos de Marx e das opções de Friedrich Engels para a publicação.
Trechos
"Entretanto, se o leitor souber que o objeto tratado por Marx é o mesmo ao longo de todo O capital, apenas com determinações cada vez mais concretas, e entender qual é o sentido específico do Livro III, ele saberá que as classes sociais constituem uma temática que não se restringe a esse capítulo e, portanto, encontra suas determinações – talvez mais abstratas, em distintos níveis de abstração conforme o momento – ao longo de todo o desenrolar d'O capital." – Marcelo Dias Carcanholo, no texto de apresentação.
"Ao examinar 'o processo global da produção capitalista', Marx preocupou-se em capturar o movimento do capital em sua totalidade concreta, isto é, o modo como os diferentes capitais relacionam-se, concorrem e, vê-se por suas indicações, colaboram entre si. As diferentes funções e as formas distintas de mais-valor apropriadas pelos capitais, tomados individualmente, permitem – aos capitais e capitalistas e aos seus governos, especialmente na vigência das crises – explicar a vida social pela oposição entre capitalistas bons e maus; éticos e imorais; disciplinados e desregrados. Assim, quando lhes interessa, interpretam a formação econômica da sociedade como anomalias de capitalistas individuais. Ora, o Livro III, ao apresentar os movimentos mais concretos da vida social sob o modo de produção capitalista, desarticula qualquer possibilidade de 'responsabilizar o indivíduo por relações das quais ele continua a ser socialmente uma criatura', conforme seu autor já adiantara no Livro I." – Sara Granemann, no texto da orelha.